Uma ópera baseada na mitologia indígena brasileira evoca uma discussão estética e ética. Vimos neste projeto o desafio de abordar o que é uma herança e, ao mesmo tempo, algo contemporâneo. Portanto, uma oportunidade de explorar as esferas poéticas e visuais futuristas, em vez do folclórico. O design indígena parte das formas geométricas do mundo orgânico, uma visualização fractal poderosa de composições e estruturas lisérgicas universais.
Na nossa cenografia, as escalas micro e macro confundem a profundidade da percepção visual, seduzindo o público para dentro da cosmogenia indígena. As texturas complexas organizadas em camadas no palco foram programadas ritmicamente com o objetivo de provocar uma experiência orgânica e um gestalt mágico.
O palco e os figurinos foram concebidos para uma integração plástica, essencialista e de grande força poética. A iluminação cênica projetava formas geométricas móveis nos figurinos e máscaras pintadas, o que serviu para aumentar e transformar os cenários. Um ambiente tão imersivo, complementado pela coreografia dos cantores e dançarinos, gerando uma narrativa sinestésica da ópera.