Ohio • 12:01 • VENTOS 11.4km/h
Ninho – Arquitetos Animais
Localização
Parque da agua Branca, São Paulo - Brasil
Ano
2025
Categorias
Cenografia
Sobre o projeto

Muito antes dos seres humanos, as térmitas criaram sistemas de ar-acondicionado em cidades com milhões de indivíduos, cidades satélites e autopistas que levavam para o trabalho. As abelhas podem ter ensinado os chineses como fazer papel, ou os indianos como construir em argila. Os pássaros constroem complexas e delicadas estruturas de ninhos para se proteger, seduzir e criar os recém-nascidos.

De tempos imemoriais os animais usam fibras, pedra, argila, cera como material de construção. Às vezes os materiais são até produzidos de forma fisiológica, com características de alta tecnologia enquanto estrutura e fabricação. Constroem abrigos, entradas, quartos, sistema de impermeabilização e até cidades inteiras de forma engenhosa. Soluções técnicas que superam em muitos casos os arquitetos humanos. O processo de design usado pelos animais é instintivo e sem ferramentas. Os animais usam patas, boca ou bico para chegar a resultados de brilhante complexidade e elegância arquitetônica.

Mas eles também evoluem as próprias arquiteturas e se adaptam ao ambiente externo em constante transformação, habitando não somente ecossistemas primários, mas também as nossas cidades. Pássaros que constroem ninhos usando plásticos; abelhas que criam casas dentro de tijolos, fendas, telhas; colônias inteiras de mamíferos que vivem adaptadas ao ecossistema das grandes cidades.

A exposição Arquitetos Animais foi apresentada pela primeira vez juntos ao equipamento bio-urbano NINHO como instalação conceito do evento CASACOR 2025 e apresenta processos e resultados de construções arquitetônica de uma seleção de animais, além de tratar da interação entre as arquiteturas humanas com as de outros animais, suas relações e inspirações.

Como parte do conceito geral de Cidade Floresta, um lugar multiespecífico, o Atelier Marko Brajovic considera fundamental colocar em evidência os grandes arquitetos não humanos e a importância de aprendermos com ele, pois são eles que estão construindo há milhões de anos arquiteturas altamente adaptáveis aos câmbios naturais. Também, em vista das nossas cidades futuras, que precisam aprender com a inteligência das florestas, projetar com e para outras espécies é uma estratégia fundamental de bio-urbanismo. Integrar múltiplos organismos no metabolismo das nossas cidades, através uma visão sistêmica, garante a nossa sobrevivência.

A exposição ARQUITETOS ANIMAIS está organizado em três áreas temáticas;

1. SOBRE NINHOS, LARES, CONSTRUÇÃO E COMUNIDADE

Os animais constroem majoritariamente pensando em um programa, que foi demandado pelo instinto evolutivo e que eles desenvolvem há milhões de anos: o NINHO, um espaço protegido, confortável e adequado para se reproduzir e abrigar suas futuras gerações - seja na forma de ovos, larvas ou filhotes peludos de mamíferos. Assim, a arquitetura dos ninhos animais se diferem do que os humanos imaginam como casa: para vertebrados como aves, mamíferos, répteis e anfíbios, além de aranhas e outros insetos solitários, os ninhos costumam ser abrigos temporários, muito sofisticados, que servem à proteção dos filhotes. Alguns deles retornam e reutilizam suas construções, mas muitos constroem um ninho a cada reprodução. As grandes colônias de insetos como formigas, vespas e cupins são diferentes pela sua escala coletiva e pela durabilidade das construções: seus ninhos duram inúmeras gerações e abrigam funções sociais complexas em seu interior, porém em última instância o programa arquitetônico é o mesmo: acomodar, proteger e garantir a reprodução da espécie.

Os projetos reunidos na Exposição Animais Arquitetos exemplificam como a arquitetura, ao se inspirar na observação e no entendimento de fenômenos naturais, pode romper com formatos e estratégias convencionais, ampliando suas possibilidades criativas.

Nessa áreas temáticas estão apresentados exemplares originais de ninhos de uma série de pássaros acompanhado de desenhos e diagramas e textos;

  • Ninho de Japiim (Cacicus cela) - O Japiim é um pássaro do Norte e Centro-Oeste do Brasil que vive em bandos, constrói ninhos suspensos em colônias e se protege ao se associar a vespas e formigas.
  • Ninho de Beija Flor tesoura (Eupetomena macroura) - O Beija-Flor Tesoura, comum nos centros urbanos do Brasil, alimenta-se de néctar, é atraído por bebedouros artificiais e tem fêmeas que constroem pequenos ninhos e defendem agressivamente seus filhotes.
  • Exemplares de ninho de vespas Vespidae (família que abrange diversas espécies)- As vespas sociais constroem ninhos eficientes e leves com fibras vegetais e saliva, moldando estruturas variadas e resistentes cuja defesa se baseia no comportamento coletivo da colônia.

2. BIOMIMÉTICA: A NATUREZA COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO

Para solucionar problemas complexos da atualidade, que envolvem diversas escalas e a interconexão de áreas do conhecimento, existe uma abordagem que se baseia em um sistema que evolui, se adapta e resiste aos maiores desafios — a Natureza.

Trata-se da Biomimética, prática interdisciplinar que busca soluções sustentáveis e inovadoras inspiradas em processos naturais, estruturas e sistemas vivos que a natureza aperfeiçoou ao longo de bilhões de anos de evolução.

No contexto do design e da arquitetura, a biomimética vai além de uma simples imitação estética; ela envolve a aplicação de princípios naturais para resolver desafios complexos enfrentados pelo ser humano em relação ao seu entorno ecológico. No coração da biomimética está a observação de como organismos e ecossistemas funcionam. A premissa básica é que a natureza já desenvolveu estratégias eficazes e eficientes para enfrentar desafios como o aproveitamento de recursos, a construção de habitats e a adaptação a diferentes ambientes. Ao estudar essas soluções, designers e arquitetos podem inovar em seus projetos, seja construindo estruturas eficientes e inteligentes, propondo formas adaptativas que respondam melhor às funções imaginadas ou desenvolvendo materiais que atendam a novas necessidades estéticas, de conforto e de sustentabilidade.

Os projetos reunidos aqui exemplificam como a arquitetura, ao se inspirar na observação e no entendimento de fenômenos naturais, pode romper com formatos e estratégias convencionais, ampliando suas possibilidades criativas. Essas obras não apenas respondem de maneira inovadora aos desafios projetuais, mas também reafirmam a importância de um pensamento integrado à natureza, demonstrando que inovação e sustentabilidade podem — e devem — caminhar juntas.

Nessa áreas temáticas estão apresentados projetos de arquiteturas biomiméticas em formato de maquetes, diagramas e textos;

  • Mick Pearce e o edifício Eastgate Centre no Zimbábue, cuja ventilação natural foi inspirada nos cupinzeiros africanos.
  • Marko Brajovic com a Casa Macaco, em Paraty, que utiliza estruturas baseadas na palmeira Juçara para se adaptar ao relevo da Mata Atlântica.
  • Warka Tower, da Architecture and Vision, uma torre que coleta água do ar, inspirada na anatomia de besouros do deserto da Namíbia.- 2015
  • Atelier Marko Brajovic com o Ninho equipamento Bio Urbano- 2025

3. MULTISPECIALTY - A CIDADE PARA GENTE HUMANA E NÃO HUMANA

A cidade do futuro é uma cidade para multiespécies, projetada para uma convivência harmônica entre a espécie humana e outros seres vivos, os quais se beneficiam mutuamente. A prática de mutualismo é o fundamento de um ecossistema resiliente e próspero. Numa floresta, várias espécies coexistem e cooperam, trocando nutrientes, informações e conhecimentos, garantindo a existência da mesma floresta por milênios.

Da mesma forma, uma cidade que mimetiza os processos das estratégias naturais, trazendo grande diversidade de formas de vida que operam em rede de relações e processos cíclicos, pode potencializar padrões operacionais adaptativos. Estratégias de design biomimético e o uso de novos materiais biotecnológicos podem garantir a resiliência das nossas cidades em um planeta em constante transformação.

Como parte da seleção curatorial nessa área temos exemplos de produtos e estratégias de projeto para as futuras cidades Multi-específicas;

  • Ornilux Glass (Dinamarca) – Vidros com tecnologia invisível aos olhos humanos, mas visíveis para os pássaros, evitando colisões.
  • Bee Brick (Reino Unido) – Tijolos com cavidades que servem de abrigo para abelhas solitárias.
  • NINHO (São Paulo) – Equipamento bio-urbano que une arquitetura e sustentabilidade, promovendo a convivência entre pessoas e animais no meio urbano.
  • Paisagismo que regenera e acolhe as multi-espécies - plantas que promovem a biodiversidade no Parque da Água Branca ao atrair polinizadores, regenerar o solo e beneficiar tanto a fauna local quanto os seres humanos.

Ficha Técnica
Formato
Exposição
Criação
Atelier Marko Brajovic
Diretor criativo
Marko Brajovic
Diretor de Operação
Bruno Bezerra
Coordenadora
Kelen Giordani Tomazelli
Arquitetos
Teresa Lima, Priscila Sati, Ailton Wenceslau
Assistente de curadoria
Teresa Lima
Comunicação
Mana Murphy
Design Gráfico
Estúdio Adriana Alves
Fotos
Roberta Gewehr e Mana Murphy
Apoio
Apoio| Lar Center
Produção do projeto
Hybrida Production
Financeiro
Cristina Almeida
Produtor
Gabriel Tunes
Paisagismo
Ana Kamitsuji
Jardinagem
NC Jardins
Execução, Montagem e Elétrica
Paleta Stands
Projeto de IluminaçãoE
Carlos Fortes
Instalações Elétrica (mobiliário)
Instalações Elétrica (mobiliário)| Einstein Serviços Elétricos
Materiais de iluminação
Interlight
Expositivo e Comunicação Visual
Paleta Stands, Ratoroi Indústria e Comércio e Showmais Gráfica
Maquetes
Maquetaria Base e Rodrigo Queiroz